quinta-feira, 4 de março de 2010

Sinestesia

Deixando de lado essa história positivista da vida, baseada em fatos e grandes acontecimentos históricos, acordo hoje despreocupado com uma ressaca de semanas acumuladas.
O gosto de pós festa na boca ressequida, sempre vem a me lembrar, que os fatos outrora importantes, agora não passam de meras representações cíclicas de organização social.
Levanto então, com a cabeça quase explodindo, latejando, com milhões de idéias e pensamentos em revolução, loucos para serem expostos ao mundo. Olho-me no espelho e já não tenho mais aquela vontade de ser alguém. Vejo que desse todo imenso sou parte única, singular e fundamental.
Mergulhado então nesse existencialismo alcoólico e anônimo sigo tentando compreender esse mundo medíocre.

Percebo que esse admirável mundo não é nada novo.

Saio então, desse estado de coma a que fomos submetidos. Procuro encontrar novos caminhos. Reinvento-me, recrio-te. Faço minha vida, baseado em meu mundo.
Não contente de estar lúcido em meio a essa multidão de cabresto, tento alertá-los de sua estupidez. Mas como aquele que joga perola aos porcos me sinto, contando parábolas aos surdos.
Percebo, porém, que mesmo nesse mundo hostil e mediano há uma possível forma de se reinventar. Renovam-se a cada momento minhas percepções fragmentadas dessa realidade. Contudo, não é a vida que muda simplesmente. A beleza do mundo não está implicitamente nele próprio. A beleza parte dos olhos de quem se propõe a ver a vida de maneira diferente.
Assim sendo, enxergo cores onde de fato não haveria. Ouço música em meio ao transito ensurdecedor. Vejo a arte em cada objeto. É então, quando a imaginação e o conhecimento se cruzam, trazendo a inversão dos papeis. O grande se torna diminuto, e o pequeno torna-se gigantesco. Ao compreender tal fato, compreendo que sou apenas integrante de um grande elenco.
Assim, satisfeito com esse turbilhão de idéias novas e raras, sorrio. Não que o mundo mude com minha subjetivação da realidade. Quem muda sou eu, que prefiro a alegria de ver a arte na vida e no viver a enxergar o mundo em tons de cinza.Entre as viagens que faço e as pessoas que conheço me realizo, de pés descalços, com o vento batendo na cara, meditando e transcendendo. Quero poder ser tudo, quero não ser nada. E quem sabe descobrindo tudo o que não sou, consiga chegar a essência pura e simples de existir.

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