segunda-feira, 14 de maio de 2012
(tentativa de..) Conversa com Leminski
inverno
inevitável
céu cinza, muita lã
um frio vazio
ou vazio frio?
assim que chega, morro
sem sentido eu corro
vida cega, surda e vã
inevitável,
inferno
chove la fora
mas aqui dentro
só tempestade.
Eterno Retorno, Enterro Retórico
Paradoxalmente, devido a insatisfação caótica e a constante perda de sentido se constrói todo novo sentido.
Nada Alem de Nada.
Há sempre uma parte dentro de mim
que não se contenta. Encerra-se em si mesma e assim permanece. Há sempre algo
que me falta, como se pra ser completo necessitasse do vazio. Que falta é essa
que me faz aquela, aquilo ou o quê? Onde foi que ficou a parte que falta? Um
desconforto, um desaforo, um descabido. Aquele espaço dentro da gente que não
se pode localizar. No esôfago? Estômago? No peito? Ou no leito? Não se pode
saber. É como se a vida fosse só isso. Encontrar ou descobrir aquilo que falta.
Dinheiro? Amor? Alegria? Qualquer coisa que seja essa falta é algo que ninguém
nunca vai saber. É como se fosse um diamante oco, raríssimo, que se esconde no
lado negro da alma. Calma. Talvez seja o nada. Nem frio nem quente, inodoro,
incolor, invisível. Não chega a doer. E não incomodaria tanto se não fosse
constante. Pode ser que seja aquilo que nos torna humanos, racionais,
intelectuais. Como se esquecendo de algo deixássemos de sentir. Tudo, menos a
angustia de não saber. Afinal, o que
cabe dentro desse espaço infinitamente distante de nós, que insiste em fazer
eco? Cabe aquilo tudo que queremos, cabe aquilo tudo que seremos, tudo o que
somos. Como se fossemos nada além disso.
Nada além de nada.
Assinar:
Postagens (Atom)